Estudo Bíblico – Nova Série – A Supremacia de Cristo na Carta aos Hebreus

Atualmente, estamos adotando um formato presencial, com a disposição de mesas em linha onde as pessoas participam, sendo conduzidas pelo pastor, em um roteiro de estudo teológico sistemático ou expositivo de determinada porção das Escrituras.

A série atual aborda a Supremacia de Cristo na carta aos Hebreus. Os estudos são realizados no salão social da Igreja, todas as quartas-feiras, às 20h. Você será muito bem-vindo!

A aula inaugural foi ministrada pela Reverendo André Silvério, em 16/01/19, com o roteiro a seguir:

A CARTA AOS HEBREUS 
A SUPREMACIA DE CRISTO

Introdução
A Carta aos Hebreus é um dos livros mais fascinantes do Novo Testamento. Seu conteúdo é riquíssimo em citações de passagens do Antigo Testamento. Estudar Hebreus é um desafio grande e, ao mesmo tempo, muito prazeroso. O entendimento de Hebreus passa necessariamente pela compreensão do sistema sacrificial e sacerdotal da Antiga Aliança. É impossível compreender Hebreus, sem antes compreender o sacerdócio levítico. 
É claro que o mais importante não é manter os olhos somente na Antiga Aliança, mas enxergar para onde ela apontava, isto é, para Cristo Jesus, aquele que cumpriu perfeitamente todas as exigências da Lei. Jesus é o sacerdote e sacrifício perfeitos. Sua obra é única, perfeita e eterna. 
A carta aos Hebreus é um estimulo aos cristãos de todos os tempos. É uma carta encorajadora, porque nos faz olhar não para nós mesmos, mas para os méritos de Cristo Jesus. Além disso, é uma carta muito profunda e prática.
A nossa oração é para que Deus, pelo seu Santo Espírito, nos ilumine, a fim de obtermos uma compreensão mais nítida dessa fascinante epístola.

Questões Introdutórias
Autoria
Não há nenhuma indicação da autoria, diferentemente das demais epístolas do Novo Testamento. Alguns estudiosos da Igreja Oriental afirmavam que Paulo foi o escritor, como Clemente de Alexandria (150-215 d.C) e Orígenes (185-253 d.C). De outro lado, há aqueles que defendiam a não autoria paulina, como Irineu (115-203 d.C) e Hipólito de Roma (160-235 d.C). Há outros, como Tertuliano (160-220 d.C), que são da opinião que o autor foi Barnabé (At 4.36-37). Calvino (1509-1564 d.C) preferiu não gastar muito tempo com essa questão, no entanto, apenas disse que “é possível que o autor desta Epístola tenha sido Lucas ou Clemente de Roma.” Lutero também deu sua opinião apresentando Apolo como possível autor. Entre os estudiosos atuais, a ideia de Paulo ser o autor é pouco defendida. Há uma indicação inspirada da não autoria de Paulo em uma de suas cartas (cf. 2Ts 3.17). Sem contar que o estilo literário empregado em Hebreus não se familiariza com os escritos paulinos, afirmam alguns estudiosos. Portanto, é bem melhor reconhecermos a nossa própria ignorância quanto à autoria de Hebreus. Com toda probabilidade o autor era um judeu helenista (judeu influenciado pela língua e cultura grega), que havia se tornado cristão, um crente da segunda geração, por assim dizer (cf. Hb 2.3). Ele estava familiarizado com a Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento) e possuía um belíssimo estilo grego de redação. Para concluir este assunto, citamos as palavras de Orígenes: “Quem escreveu a Epístola aos hebreus, é certo que só Deus sabe”.

Data, local de origem e destinatários
A data é outra informação incerta. A grande maioria dos pesquisadores tem apontado uma data inferior ao ano 70 d.C, considerando que o templo ainda não havia sido destruído. Daí a insistência do autor de Hebreus a que os seus leitores não retrocedessem aos velhos rituais judaicos. Não há certeza sobre a autoria e data, muito menos sobre o local de origem. Quanto aos destinatários, parece-nos que o autor tem em mente um grupo específico de cristãos, que são encorajados a manterem-se firmes em sua confissão (3.6, 14; 4.14; 10.23). Se eram judeus ou gentios, é muito difícil de se afirmar. A nossa inclinação é pensar que de fato que eram judeus, considerando-se que o autor, em vários momentos, pressupõe que os seus leitores tivessem um bom conhecimento do Antigo Testamento. Portanto, essas são questões ainda muito debatidas no meio acadêmico, para as quais, possivelmente, nunca haverá uma posição unânime. Devemos ficar com o ensino puro e simples do texto, ainda que não tenhamos todas as informações contextuais.

Tema da carta
O tema central da Carta não é tão difícil de se perceber. O autor procura demonstrar claramente a Supremacia de Cristo sobre todas as coisas e a suficiência da sua obra regeneradora. Cristo é supremo sobre os anjos e sobre Moisés. A aliança que ele estabeleceu é superior a qualquer outra aliança anterior, o sacerdócio dele é melhor do que o de Levi, o sacrifício que ele ofereceu é superior àqueles oferecidos segundo a Lei, de modo que toda a revelação da Lei apontava para a superioridade da obra de Cristo na Cruz (4.14-16; 10.19-22; 12.1-3; 13.8-15). O autor queria que os seus leitores não voltassem a depender dos sacrifícios da Antiga Aliança, pois fazendo isso eles deixariam de se apoiar e valorizar a obra redentora, completa e eficaz de Jesus Cristo na cruz do Calvário. O ponto é que a obra de Jesus supera todos os rituais, símbolos e sombras da Antiga Aliança. Em Cristo, tudo se cumpre de maneira perfeita e eficaz. Hebreus, portanto, é uma obra enfaticamente Cristológica e redentiva, que exalta Cristo como Deus, como Sacerdote eterno e como sacrifício perfeito e único pelos pecados do povo de Deus.

Aplicações Práticas
Em primeiro lugar, creia na Bíblia como Palavra de Deus inspirada, inerrante, infalível, suficiente e eficiente para todas as coisas. 
Em segundo lugar, mesmo que você não tenha todas as informações que gostaria, entenda que Deus nos revelou aquilo que julgou necessário para a nossa edificação e crescimento espiritual. Portanto, leia a Bíblia não para especulação, mas para sua edificação.